Câncer do endométrio: Saiba mais sobre a segunda neoplasia ginecológica mais incidente no mundo
A história contemporânea do carcinoma do endométrio – Publicação da Revista Femina (Volume 48, Nº 1, 2020).
O câncer do endométrio é uma doença que vem despertando interesse crescente nas últimas décadas, por diferentes motivos, a saber:
- a) A incidência está aumentando rapidamente em todo o mundo, especialmente nos países em desenvolvimento;(1-3)
- b) Com o aumento da expectativa de vida da população feminina, aumentou o grupo de risco para carcinoma do endométrio, formado por mulheres na pós-menopausa; (3)
- c) Existem várias doenças com perfis moleculares diferentes dentro do que denominamos de câncer do endométrio;(4)
- d) O câncer do endométrio é o segundo câncer mais frequente na síndrome de Lynch, ficando atrás apenas do câncer colorretal e precedendo este câncer em cerca de 50% das vezes, em pacientes afetadas;(5,6)
- e) A cirurgia estadiadora é a base do tratamento e do estadiamento da doença;(7)
- f) A extensão da cirurgia estadiadora e o papel da linfadenectomia pélvica e paraórtica ainda são assuntos que despertam controvérsias;(8,9)
- g) A prevalência de sobrepeso, obesidade e obesidade mórbida, é muito elevada nessas pacientes, e esses fatores têm impacto no plano de tratamento cirúrgico e estadiamento do câncer do endométrio;(10,11)
- h) A cirurgia minimamente invasiva por videolaparoscopia é um recurso relativamente recente no tratamento do câncer ginecológico, e a sua efetividade, segurança, vantagens, desvantagens e custos ainda estão em estudo;(12-15)
- i) A cirurgia robótica é um recurso ainda mais recente no tratamento do câncer do endométrio, apresenta alto custo para a sua implantação e sua efetividade, segurança e custos ainda estão sendo testados em diferentes cenários;(16,17)
- j) A comparação entre as cirurgias abertas, cirurgias videolaparoscópicas e cirurgias robóticas assistidas por laparoscopia ainda está em andamento. (18-20)
Ao contrário do câncer do colo do útero, cuja história e preocupações remontam a séculos atrás,(21) a história relevante do câncer do endométrio é muito mais recente.(22) Até os anos 1960 o câncer do endométrio era considerado uma única doença e seu tratamento era sempre cirúrgico e consistia na histerectomia total, na radioterapia ou na combinação dos dois tratamentos. Em 1961, Kelley e Baker(23) descreveram a possiblidade de tratar a doença com agentes progestacionais.
O acetato de medroxiprogesterona utilizado por longo tempo demonstrou resposta positiva em 20,8% em casos de doença avançada. Os resultados pareceram ainda melhores em casos de doença localizada no útero, e a sobrevida média foi de dois anos. Esse feito foi considerado muito significante para os padrões daquela época.(24) A relação entre câncer do endométrio, hiperestrogenismo relativo ou absoluto e o uso de estrogênios sem a contraposição de progestogênios foi demonstrada em 1976.(25)
A quimioterapia foi introduzida em 1979 com o estudo que demonstrou a efetividade da doxorrubicina no carcinoma do endométrio avançado ou recorrente.(26)
Aalders et al.(27) demonstraram em 1980 que a radioterapia pélvica reduzia as recidivas locais, sem, contudo, alterar a sobrevida global. O carcinoma do endométrio, que até então era considerado uma única doença, passou a ser classificado em 1983 como duas doenças distintas – o tipo I e o tipo II –, com características epidemiológicas, demográficas e patológicas muito diferentes. O carcinoma do tipo I, mais frequente, resultava da hiperestimulação estrogênica intrínseca ou extrínseca, era precedido de hiperplasias endometriais, acometia mulheres obesas, na peri e na pós-menopausa, e tinha tipo histológico de carcinoma endometrioide, grau I, histológico e comportamento menos agressivo. O carcinoma do tipo II, por sua vez, ocorria em mulheres uma década mais idosas, não guardava relação com a obesidade e hiperestrogenismo, não tinha como lesão precursora as hiperplasias endometriais e era constituído pelos tipos histológicos carcinoma seroso e carcinoma de células claras.(28) Apresentava pior prognóstico do que os carcinomas do tipo I.
Creasman et al., (29) em 1987, estabeleceram os principais fatores prognósticos do carcinoma do endométrio, ou seja, tipo histológico, grau histológico, profundidade de invasão miometrial e comprometimento linfonodal.(29,30)
O estadiamento do câncer do endométrio era clínico até o final dos anos 1980, baseado no tamanho do útero avaliado pela histerometria, e pouco refletia a real extensão e gravidade da doença. Em 1988, a Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO) determinou que o carcinoma do endométrio passasse a ter estadiamento cirúrgico, que incluía o estudo da extensão da doença no útero, a profundidade de invasão miometrial, o estudo citológico do líquido peritoneal, além da avaliação dos linfonodos pélvicos e paraórticos.(31) Não havia definição clara de como a avaliação linfonodal deveria ser realizada.
Agentes citotóxicos combinados foram utilizados no carcinoma do endométrio em 1993, com esquemas contendo doxorrubicina e cisplatina a cada 28 dias, por até oito ciclos, e foram obtidas respostas completas em 20% dos casos e reposta parcial e doença estável em 40% e 23%, respectivamente.(32)
No final dos anos 1990, surgiram os primeiros tratamentos do carcinoma do endométrio com preservação da fertilidade em mulheres jovens e desejosas de gravidezes. Treze de 21 pacientes (62%) tiveram resposta inicial com o uso de agentes progestacionais isolados, demonstrando ser possível a preservação de fertilidade em pacientes com câncer de endométrio.(33)
O estudo PORTEC, em 2000, demonstrou que radioterapia pós-operatória nos carcinomas de endométrio em estádio I reduzia as recorrências locais, mas não tinha impacto na sobrevida global.(34) O uso combinado de acetato de megestrol e tamoxifeno alternadamente demonstrou ser efetivo em doença extrapélvica.(35,36)
Em 2004, o uso combinado de paclitaxel, cisplatina e doxorrubicina no carcinoma do endométrio, demonstrou aumento da sobrevida livre de progressão da doença e da sobrevida global.(37)
Em 2005, o carcinoma do endométrio foi identificado como o câncer sentinela mais frequente entre mulheres portadoras da síndrome HNPCC (hereditary non-polyposis colorectal cancer). Câncer sentinela é aquele que é diagnosticado primeiro ou sincronicamente com o câncer principal. O câncer principal da síndrome HNPCC é o câncer colorretal, que ocorre em até 80% das mulheres afetadas, porém o carcinoma do endométrio ocorre em até 62% das mulheres afetadas e em 50% das vezes precede o câncer colorretal.(38)
O esquema de quimioterapia com doxorrubicina e paclitaxel, em 2006, demonstrou ser superior à radioterapia de abdome total.(39) Em 2011, os inibidores mTOR (tensirolimo) demonstraram atividade no controle do câncer do endométrio recorrente ou metastático, como agentes únicos. A resposta foi melhor em pacientes virgens de tratamento do que em pacientes previamente tratadas com agentes citotóxicos.(40) Nesse mesmo ano, terapias antiangiogênicas com o bevacizumabe, um anticorpo monoclonal humanizado contra o fator de crescimento endotelial (VEGF-A), foi utilizado com sucesso em carcinomas do endométrio avançados.(41)
Nos carcinomas endometrioides, restritos ao útero e considerados como tumores de baixo risco de recidivas, um estudo em 2013 demonstrou que a expressão da molécula de adesão L1CAM (L1 cell adhesion molecule) identificava um grupo de alto risco de recidivas e, portanto, candidato a tratamentos adjuvantes.(42)
Um avanço espetacular aconteceu em 2013, a partir dos estudos do TCGA (The Cancer Genome Atlas),(43,44) um projeto público que tinha por objetivo catalogar e descobrir as alterações genômicas causadoras de câncer e criar um atlas compreensivo do perfil dos diferentes tipos de câncer. O carcinoma do endométrio, que até então era classificado do ponto de vista unicamente morfológico, como duas entidades (tipo I e tipo II),(28) pôde então ser definido como quatro subgrupos moleculares, com comportamentos e história natural muito diferentes entre si. Isso abria as portas para a caracterização molecular dos carcinomas do endométrio, com a possibilidade de traçar condutas terapêuticas individualizadas e baseadas no perfil molecular da doença.(4)
O uso de informações moleculares, ainda que espetaculares, implicava sequenciamento genômico, processo esse demorado e de alto custo, que tornava difícil a sua incorporação na prática clínica. Em 2015, a equipe do estudo denominado TransPORTEC e o grupo de estudo denominado projeto Vancouver conseguiram traduzir as informações moleculares em perfis imunoistoquímicos, com resultados muito próximos das informações moleculares e, agora sim, passíveis de serem incorporados na prática clínica.(45,46) No que concerne ao tratamento cirúrgico do câncer do endométrio, houve conquistas muito expressivas nas últimas décadas. Até os anos 1960, a histerectomia total, realizada por via laparotômica, era considerada como tratamento suficiente para essa doença.
Em 1988, com a adoção pela FIGO do estadiamento cirúrgico e a necessidade de informações sobre o estado dos linfonodos pélvicos e paraórticos, tornou-se necessária a adição da linfadenectomia pélvica e paraórtica à histerectomia, no tratamento e estadiamento cirúrgico do câncer do endométrio.(47,48)
Em 2009, o estadiamento FIGO foi revisto com a incorporação de mudanças mínimas nos estádios I e II, e manutenção da exploração dos linfonodos pélvicos e paraórticos.(48) Paralelamente, a extensão e a técnica da histerectomia também incorporaram modificações importantes no câncer ginecológico como um todo e também no câncer do endométrio.
Em 1987, Dargent utilizou a laparoscopia como complemento na histerectomia vaginal. Nascia a histerectomia vaginal assistida por laparoscopia. Após isso, outros cirurgiões experimentaram combinações diferentes de cirurgias vaginais e laparoscopia.(49-51)
A primeira histerectomia total laparoscópica foi realizada na Pensilvânia, em 1988, por Reich,(52,53) que já antevia a sua indicação como tratamento de escolha para endometriose, leiomiomas, carcinoma do colo do útero e carcinoma do endométrio restrito ao útero.
A história da histerectomia radical no tratamento do câncer uterino é longa e remonta a 1895 com John Clark, porém essa cirurgia se popularizou com os relatos da série de mais de 500 histerectomias, com linfadenectomias parciais realizadas por Ernst Wherteim entre os anos de 1898 e 1911.(54) Nezhat et al., (55) em 1992, relataram a primeira histerectomia radical laparoscópica, com linfadenectomia pélvica e paraórtica em um caso de carcinoma de colo do útero em estádio IA2.
A histerectomia radical, com todas as suas virtudes no controle da doença uterina, resultava, porém, em danos na inervação autonômica e consequentes disfunções vesicais, sexuais e colorretais. Pesquisadores japoneses, nos idos dos anos 1960, introduziram o conceito e a técnica de preservação dos nervos autonômicos pélvicos nas histerectomias radicais, o que denominou-se nerve sparing hysterectomy, e isso resultou em significativa diminuição das disfunções urinárias sem comprometer a radicalidade oncológica.(56)
O sonho humano de ensinar máquinas a realizarem tarefas humanas é antigo. O vocábulo “robô” é oriundo da palavra tcheca “robota”, que significa trabalho.(57) Robôs são máquinas inteligentes que trabalham e realizam tarefas humanas.
Robôs guiados por computadores e com diferentes tecnologias de imagens permitiram, a partir dos anos 1990, que cirurgiões executassem procedimentos com destreza e precisão sem precedentes.(58) Como tudo em tecnologia, esse é um campo de desenvolvimento frenético com aquisições e incorporações de novos dispositivos em novas aplicações constante.
Em ginecologia oncológica, a cirurgia robótica foi recebida com grande entusiasmo, principalmente na cirurgia do câncer do colo do útero e no carcinoma do endométrio. Mulheres com câncer do endométrio são geralmente obesas e com diversas comorbidades, e a dissecção linfonodal torna-se muitas vezes impeditiva pelas técnicas tradicionais.
A chegada da cirurgia robótica trouxe muito entusiasmo e esperanças de tornar esses procedimentos menos mórbidos, com curva de aprendizado mais curta, e, portanto, mais factíveis por um maior número de cirurgiões. Os benefícios potenciais da tecnologia robótica incluem a visão óptica tridimensional, instrumentos com grande variedade de movimentos, precisão, ganho em escala e aumento da autonomia do cirurgião.(16) A histerectomia robótica assistida por laparoscopia (RALH) veio finalmente incorporar-se ao arsenal terapêutico cirúrgico do carcinoma do endométrio A segurança e a factibilidade da RALH foi avaliada em diferentes estudos, demonstrando ser segura e factível e propiciando aumento do desempenho do cirurgião após uma curva de aprendizado menor do que na laparoscopia tradicional.(59-65)
Outros fatores importantes que carecem de avaliação, em termos de racionalização e otimização de recursos, são os custos da incorporação dessas tecnologias em diferentes cenários.(13,61,65,66) Diante de tantas mudanças no conhecimento da epidemiologia, fatores de risco, métodos de diagnóstico, tratamento cirúrgico, radioterapia e tratamento sistêmico do carcinoma do endométrio, bem como diante de todas as novas demandas que essa doença começa a despertar no campo da reprodução humana, oncogenética, imunoterapia, entre outros, os ginecologistas e obstetras, que são os primeiros profissionais médicos que atendem essas pacientes, precisam rever rapidamente seus antigos conceitos. Esse é o câncer ginecológico que vai predominar no futuro próximo e essa doença não pode mais ser tratada como nos tempos de nossas avós, quando uma histerectomia simples era considerada tratamento suficiente.
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Fonte: Publicação oficial da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia – Volume 48, Número 1, 2020